Oriundo da Nazaré e muito querido em Cannes, o cineasta palestino Elia Suleiman tem dedicado boa parte da sua obra a revelar e interpretar a conturbada história do seu povo e da sua terra onde, inevitavelmente, são ponto-chave as relações com Israel.
Em “O Tempo que Resta” o registo é biográfico, num filme expressamente dedicado a seu Pai onde ficamos a conhecer a sua história de cidadão e resistente à ocupação israelita. Desta feita, porém, sem abuso panfletário e num tom geral ainda irónico mas, poderá dizer-se, bastante moderado. A subjectividade essa, por força do género autobiográfico, está evidentemente lá.
Começando com a entrada de tropas israelitas numa tranquila e soalheira Nazaré de 1948,o filme segue momentos da vida de Fuad e da sua família, desde a captura do primeiro por aquelas forças, passando pelo impacto da presença e do ideário israelita e sua inspiração norte-americana, na vida do filho, Elia, de outros familiares e, anda, de vizinhos.
Ao ritmo muito próprio do cinema de Suleiman, de grande
sobriedade e beleza, acompanhamos a evolução da história da Palestina
com uma "panorâmica" sobre a história da sua própria família, que, tal
como os outros em seu redor, não tem outra solução senão ir lidando
passo a passo com as situações exasperantes com que vão sendo
confrontados.
Suleiman diz que pretendeu através deste épico, pessoal
e intimista, afastar-se das visões simplistas sobre uma região e um
conflito tão destacado nos media, acrescentando que não se trata
de nenhuma lição de história, tão somente a sua experiência pessoal, o
seu "momento de verdade".
O filme foi contemplado com o prémio Pérola Negra por
Melhor Argumento sobre o Médio Oriente no Festival de Abu Dhabi e com o
prémio da Associação de Críticos de Cinema argentinos. Recebeu ainda o
prémio europeu para Melhor Filme Estrangeiro.
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