Reconhecido como um dos mais importantes realizadores da actualidade, Jafar Panahi – cujos filmes examinam de forma crítica a realizade social do Irão - foi preso em sua casa em Março de 2010 e condenado a 6 anos de prisão em Dezembro do mesmo ano. Foi ainda proibido de fazer filmes durante os próximos 20 anos.
O realizador recorreu da sentença e ficou em prisão domiciliária a aguardar o veredicto do recurso interposto pela sua advogada. Enquanto esperava, preso na sua própria casa, decidiu fazer um filme muito especial, precisamente com o título «Isto Não é um Filme». Em parceria com outro cineasta iraniano, Mojtaba Mirtahmasb - que corajosamente dá a cara - Panahi filma-se a si mesmo e descreve o filme que pensava fazer acabando por refletir sobre a linguagem do cinema, as limitações à liberdade de expressão e a capacidade da arte em romper as barreiras da censura.
O título é comovente se pensarmos que é a única arma que tem para se defender do seu atrevimento de continuar a filmar apesar da proibição. Panahi continua a contar histórias, desta vez a sua. A pena supõe-se não será leve.
Um dia, uma casa, uma câmara digital, um iPhone, um ator/realizador, um amigo e companheiro de estrada que o filma, e coragem, muita coragem, são os ingredientes deste filme. O resultado é simples, espantoso e comovente. Sem nunca se tornar um filme lamechas ou militante, «Isto não é um filme» assume-se como uma obra de arte com uma dimensão quase imtemporal, sobre os homens, os regimes totalitários e o pensamento único.
Ficha técnica
Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmasb.
Os restantes nomes atribuidos à edição, montagem de som e agradecimentos aparecem, com tremendo impacto, no genérico com xxxx. Ambos os cineastas estão actualmente presos.
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