CHUNGKING EXPRESS

Wong Kar-Way, 1994, legendado em Port.
Wong Kar-Way nasceu em Shanghai, mas imigrou para Hong Kong aos 5 anos. Foi o 1º chinês a ganhar o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes. Foi o Presidente do Júri no Festival de Cannes de 2006.

É um cineasta lírico e romântico. Nas suas outras obras, vemos poesia no seu estado puro, poesia fílmica, um sentido estético perfeito e atraente, mas que não subverte sequer a mensagem que tem para transmitir.

É o poeta do amor focado nas relações interpessoais, um excelente contador de histórias, um perpetuador da história de amor de qualquer uma das suas personagens. O que ele quer é precisamente o que nós também queremos e sentimos: que a história seja nossa, que ali estejamos nós, que nos identifiquemos.

Mas curiosamente e não obstante obras belíssimas como "In the Mood for Love" ou "2046"  que são autênticas odes ao amor, "Chungking Express" é precisamente o filme mais despretensioso, sintetizado e despojado e que revelou ao mundo aquilo que o cineasta é hoje em dia.   Nunca mais conseguiu trazer um romance tão fresco e simples como este. Isto porque se em obras posteriores, o sentido estético acabava por camuflar a história do filme, neste Chungking Express temos um balanço perfeito entre a estética e o argumento.

As personagens do filme não são o mais importante, todas elas contam uma história, mas são apenas metáforas da poesia filmada por Wong Kar-Wai.

São três histórias distintas sobre o amor, filmadas não linearmente, como é usual no cinema de Wong Kar-Wai. A sua narrativa é fragmentada - tal como o poster que ilustra esta crítica - feita de pequenos momentos e gestos, quotidianos de vida. E depois temos um magnífico e electrizante retrato de Hong Kong: brilhante, frenético, globalizada, bares 24 hours open e multicultural. E o Amor confunde-se nessa cidade, também ele frenético, intenso e colorido.

O director de fotografia Christopher Doyle, cuja tarefa de colocar em cena a visão do cineasta chinês resulta num incrível trabalho fotográfico que dá corpo a  "Chungking Express".  É uma obra de culto eterna e uma das melhores de Wong Kar-Wai.  É moderna, vanguardista, mas romântica e terna. 
por Tiago Ramos